Depois de atingir os filhos Flavio e Renan que, segundo as suspeitas da Polícia Federal, teriam se beneficiado de informações da chamada “Abin paralela”, a operação “Vigilância Aproximada”, agora, chegou a outro filho do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL): Carlos, vereador pelo Republicanos-RJ.
Nesta segunda-feira (29), Carlos foi alvo de uma nova fase da investigação da Polícia Federal sobre o uso da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) para fazer espionagem ilegal.
“Você tem três filhos de Bolsonaro beneficiados pela operação do esquema ilegal de monitoramento, né, da Abin. Então você teve Flávio na semana passada, o Jair Renan na semana passada”, disse a apresentadora da GloboNews e colunista do g1.
“E hoje [segunda-feira, 29] o Carlos Bolsonaro, como eu diria para você, o grande líder dentro da família Bolsonaro, o grande entusiasta da ideia de abrir uma ‘Abin paralela’, que não sou eu quem tá dizendo. Isso foi até… Quem revelou essa informação foi o Gustavo Bebianno”, complementou.
Em 2020, durante entrevista ao “Roda Viva”, da TV Cultura, Bebianno, ex-ministro de Bolsonaro, disse que Carlos surgiu “com o nome de um delegado federal e de três agentes que seria uma ‘Abin paralela’”. Bebianno morreu após um infarto ainda em 2020.
Avaliação parecida também tem Breno Pires, repórter da revista piauí que apura, há tempos, o suposto envolvimento de Carlos com a produção de fake news.
“É possível dizer, que já foi apurado até agora, a hipótese da Polícia Federal, da Procuradoria-Geral da República, é que a tal da ‘Abin paralela’ era uma das fontes de informações que alimentavam o ‘gabinete do ódio’, essa milícia digital que seria organizada pelo Carlos Bolsonaro”, disse ele.
“Essa essa suposição, de fato, vem desde longa data. A fala do ex-ministro Bebianno dava conta disso e todas as investigações que vem sendo feitas pela imprensa, pelos órgãos também oficiais apontam esse núcleo, que tem alguns assessores próximos do Carlos Bolsonaro. […] E o que agora se descobre com mais clareza é que sim, essa estrutura paralela de inteligência fora dos canais oficiais tinha uma uma interlocução com Carlos Bolsonaro. O grau de envolvimento ainda não está muito claro.”
Para a operação desta segunda-feira (29), foram autorizados mandados de buscas e apreensão na residência de Carlos e na Câmara Municipal do Rio de Janeiro. Também foram cumpridos mandados em Angra dos Reis (RJ), onde a família Bolsonaro tem uma casa.
Em nota, a defesa do ex-presidente disse que ele, Carlos e Flavio não estavam na casa em Angra pois haviam saído para pescar.
A defesa diz ainda entender ter havido “um excesso no cumprimento da busca e apreensão, ao passo que foram apreendidos objetos pessoais de cidadãos diversos do vereador Carlos Bolsonaro, apenas pelo fato de estarem no endereço em que a busca foi realizada”.