Em uma estratégia ousada e na contramão do mercado, Manuel Carrasco deu início à tour Corazón y Flecha na última sexta-feira, 10 de março, em Miami. O artista nunca tinha feito um show na cidade. Ou melhor, no país.
Geralmente, as aberturas de turnês acontecem em zonas de conforto, em locais em que é possível tatear a escolha do setlist e a recepção das novas canções ao vivo.
Com o título de número 1 da Espanha há alguns anos, Carrasco, enfim, decidiu expandir fronteiras de forma efetiva. Fez promo no México, país em que atuará nesta semana. E todo mundo sabe o que significa se aventurar em terras mexicanas ou na Flórida: a entrada definitiva no concorrido mercado latino, não apenas o hispano.
Voltemos ao show, ao qual o LatinPop Brasil assistiu à convite da gravadora Universal Music Latin. Na meca da música latina, Manuel Carrasco não teve medo do suntuoso Adrienne Arsht Center, um teatro para 2,4 mil pessoas. Ninguém esperava pelo sold out, assim como nem o mais otimista dos fãs esperava a casa tão cheia para a estreia.
Mais do que lugares ocupados, um público entregue, capaz de deixar o artista à vontade para direcionar o microfone à plateia e ouvir o coro dos fãs.
O setlist trouxe os clássicos da carreira do cantautor de Isla Cristina muito bem misturados aos temas de seu último álbum, que dá nome à tour. Uma união perfeita entre passado, presente e um futuro que, ao que tudo indica, irá muito além da Espanha. Nova York, Guadalajara, Cidade do México, Buenos Aires e Santiago do Chile são os outros destino da turnê.
O ponto alto da noite foi o fandango que Carrasco dedicou a Miami – uma tradição de muitos anos do cantor: escrever versos exclusivos para a cidade em que se apresenta. A letra dizia “não tenho Grammy Latino, nem canto reggaetón, mas escrevo versos para chegar ao coração”. Aos 42 anos, ele é, certamente, um dos grandes equívocos da Academia Latina nos últimos anos, sem indicações ou troféus, provando que não é só talento que garante um lugar no “clubinho do Grammy”.
Na plateia, Luis Fonsi foi uma espécie de padrinho para um Manuel Carrasco que, com duas décadas de estrada, renasce para um novo horizonte.
Talvez, seja ele o espanhol mais bem acabado de como construir uma carreira pasito a pasito, suave, suavecito.