Um ato de intolerância religiosa tem preocupado a comunidade de Umbanda em Manaus. O Terreiro de Umbanda Filhos do Sagrado (TUFDS), liderado pelo dirigente Pai Daniel Gomes, tem sido alvo de agressões por parte de vizinhos que desrespeitam as práticas espirituais realizadas no local. Semanalmente, o TUFDS acolhe aproximadamente 150 consulentes em seus atendimentos espirituais gratuitos, mas recentemente a intolerância se intensificou.
Há cerca de dois meses, durante a ritualística no terreno do terreiro, caixas de som com músicas em alto volume são colocadas propositalmente como forma de agressão à religiosidade da comunidade umbandista. Mesmo após tentativas de diálogo pacífico por parte de Pai Daniel e da diretoria do terreiro, as agressões persistiram e se tornaram mais frequentes, culminando na necessidade de intervenção policial. Os vizinhos responsáveis, ao serem confrontados pela polícia, demonstraram desinteresse em resolver a situação amigavelmente, insistindo para que o terreiro se retirasse da vizinhança.
Diante desse cenário de intolerância, os membros do TUFDS, juntamente com testemunhas da consulência, tomaram uma atitude corajosa ao registrar ocorrência por Racismo Religioso, levando o caso para o âmbito judicial. Em solidariedade ao Terreiro de Umbanda Filhos do Sagrado, o Templo Lua Branca, outro espaço de umbanda em Manaus, propôs a realização de um evento em conjunto para combater a intolerância religiosa.
O evento, denominado Girão, já conta com a adesão de aproximadamente 10 barracões de religiões de matrizes africanas da cidade e membros da Federação de Axé do Amazonas. Juntos, em uma gira de Esquerda, os participantes do Girão manifestarão seu repúdio às agressões sofridas pelo TUFDS e reforçarão a importância da união e do respeito entre as diferentes manifestações religiosas presentes na sociedade.
A iniciativa dos templos de Umbanda em Manaus de se unirem em prol da causa da intolerância religiosa demonstra a força e a resistência dessa comunidade espiritual frente aos desafios enfrentados. Que esse gesto de solidariedade e combate à discriminação inspire não apenas os praticantes das religiões de matriz africana, mas toda a sociedade a defender a liberdade de crença e o respeito à diversidade religiosa.